Sobre diversidade

Olá Joinville.

Minha tia, que já comentei aqui antes, vivia falando sobre esse negócio de diversidade cultural, tudo era diversidade, ela e os professores da universidade que andavam na casa dela.

Eu tava pensando aqui, que eu acho esse negócio uma bobagem, se eu fosse socióloga ou alguma coisa assim criava o termo “misturidade” cultural. É que esse lance de diversidade me parece que ficam os diversos lá e os outros diversos aqui, cada um no seu canto. Tipo assim:
- Olha, você aí que é gay, ou negro, ou paranaense, pode existir tá bom? Só que não se misture comigo.

Sei lá, fiquei pensando nisso porque sábado fiz plantão lá na fábrica e só se falava na parada gay.
Aqueles babacas, metendo o pau na passeata, dizendo que era uma pouca vergonha e não sei o que mais, outro idiota que é todo de Jesus e vai com a família na igreja ficou indignado:
- Como é que meus filhos vão ver isso? É uma falta de moral.
Bom, daí como eu tava com sono, mestruada, e com um mal humor do cão, falei para o filho da puta:
- Falta de moral é você vir me cantar na saída do expediente, quando diz que é religioso, e que lê a bíblia, e que é todo família e coisa e tal...
Deu aquele silêncio entre os homens. Só as mulheres começaram a rir, mostrando que também levaram cantadas.

Acho que eu também vou fazer uma parada aqui em Joinville: Parada pelo reconhecimento e respeito aos paranaenses.
Pois é, não tenho nada contra os gays, bem pelo contrário, mas além deles, aqui em Joinville deveria ter parada pelos paranaenses, nordestinos, negros, pobres, peões de fábrica, mulheres e por aí vai.

E não venha dizer que não sabe viu fofo? Aqui na fábrica negro não ganha cargo de gerência ou supervisão, se aposenta na máquina, por melhor que seja. Mulher na fábrica ou é sapatão ou quer dar para todos os caras do setor. Nordestino é vagabundo, aliás é por isso que agente escuta o pessoal dizendo que nós temos que se separar do resto do Brasil
– Nós aqui do sul é que geramos a riqueza do Brasil.
Pois é fofo, eu tenho que escutar isso lembrando da minha maravilhosa vózinha nordestina sem mandar o cara tomar no cú porque ele é gerente de turno.

Bom, que venham outras paradas então não é?

Para primeira semente já tá muito bom.

Tchau Joinville.

Ah, continuo sem computador, mas hoje é minha folga e estou em uma lan, depois vou em algum sebo comprar um livro, locar um filme e me entupir de pipoca. Que se foda a celulite.

Um comentário:

felipe disse...

Bem bacana a idéia, eu tinha um raciocínio parecido com relação a palavra tolerência... é bem isso: eu te tolero, te perdoo por ser assim, mas fique tu ai e eu aqui...
Mas ainda não tinha pensado na "misturidade", muito bom, vou usar essa idéia.

Até mais.